Por Allef Heberton - Colunista do Studio 33 Em Foco
Oioi, Gente!
Vocês já ouviram falar da
história da escrava Feliciana? Se sim, nada melhor que relembrar. E se não,
chegou o momento de conhecer um pouco da história que há anos, intriga,
faz refletir, rezar e comemorar a sua alma na nossa cidade.
Ela nascera numa senzala na
comunidade de Pasmado Empedrado no município de Itinga-MG na primeira metade do
século XIX. Entre seus 17 a 20 anos de idade, se tornou uma bela mulher, que
atraia olhares dos senhores fazendeiros daquelas redondezas. Possuía muita
bondade, fraternidade e caridade, despertando no seu senhor de engenho: desejo
e admiração. Porém, a esposa Joaquina, senhora cruel, sentido-se ameaçada,
tratou de eliminar da forma mais impiedosa qualquer vestígio de insegurança
para seu matrimônio. Certo dia, a Senhora Joaquina, ordenou que a escrava
Feliciana fosse apanhar lenha e acendesse o forno para assar uns biscoitos,
obediente, cumpriu a determinação. Horas depois, quando o forno já estava
quente como "fogo do inferno", a senhora mandou os escravos pegarem
Feliciana, chicoteá-la até seu sangue rolar pelo chão. Em seguida, levou o
corpo para o forno quente e trancou-lhe!
Fotos: Facebook da associação quilombola social e cultural Escrava Feliciana |
A desolação tomou conta da
senzala, a angústia no coração daqueles negros - escravos, foi desesperadora,
porém, um dos escravos não aguentando mais, se dirigiu ao forno e sem que
ninguém percebesse, abriu a porta do mesmo. Feliciana saiu em disparada,
embreou-se pelo mato adentro, soltando gritos amedrontados a todos que ali se
encontravam, inclusive na casa grande.
Passou-se três dias e ninguém
tinha notícias da escrava, mas um vaqueiro procurando seu bezerro que havia
desgarrado do rebanho, ouviu uma melodia encantadora vinda de longe. Um cheiro
agradável e puro lhe chegava pelo vento, atraído pela fragrância desconhecida,
foi acompanhando o aroma e o som melodioso até se deparar com uma lagoa,
aproximou-se e viu sobre as águas o corpo da Escrava. O vaqueiro foi pedir
ajuda para três escravos para retirarem o corpo da água, ao chegarem depararam
com borboletas e pássaros que
entoavam seus cantos sem parar ao
redor do seu corpo.
Túmulo verdadeiro da escrava - Foto: Foto: Gilvan Gonçalves/Documentário |
Os quatro homens tiraram o corpo de dentro da água e o enterraram a uns duzentos metros da lagoa. Junto ao túmulo, plantaram árvores, e enfiaram uma estaca de madeira para marcar o local, o que facilitaria quando parentes e amigos pudessem visitar o túmulo.
Túmulo doado por um médica, após milagre alcançado - Foto: Foto: Gilvan Gonçalves/Documentário |
Algum tempo se passou e nas folhas da árvore plantada perto do túmulo, começou a aparecer inscrições que os escravos não entendiam. Eles arrancavam folhas e mostravam aos Freis Capuchinhos missionários, que passavam constantemente, estes guardavam e os recriminavam ordenando que esquecessem aquele lugar, mas os escravos sabiam que havia algo de especial naquelas folhas e começaram a usá-las no preparo de chás, cicatrizantes de feridas e curar doenças de quase todos os males. Todas as bençãos que se pedia a alma da Friciana, realizava-se. As bençãos alcançadas através de Feliciana foram aumentando ano, após ano, suas histórias e suas curas atravessaram décadas até os dias atuais, sempre relatada a injustiça cometida com a jovem negra.
Existem vários relatos de graças alcançadas, os romeiros vão periodicamente visitar seu túmulo para pagar promessa. Neste local foi erguido uma capela para aquela que o povo considera como Santa, mesmo a igreja não reconhecendo há celebrações e cultos em sua devoção!
Texto e pesquisa:
Jô Pinto
Que história pesada e cheia de
fé, não é mesmo?
O túmulo da Feliciana é visitado
todos os anos pelos romeiros e por pessoas que saem para pagar promessa. A
Igreja católica não reconhece Feliciana como santa, mas isso nunca foi
empecilho para que os párocos celebrassem a sua alma junto ao povo que têm a
sua fé!
Abraços!
Nenhum comentário:
Postar um comentário