Por Allef Heberton - Colunista do Studio 33 Em Foco
Pesquisador: José Claudionor dos Santos Pinto ( Jô Pinto -) , em 2019
A existência da Usina Hidrelétrica Municipal de Itinga, tem
ligação com a fase de
industrialização no século XIX,
quando as águas do ribeirão Água Fria, serviu para funcionalidade da Fábrica de Tecido “PEREIRA
MURTA E COMPANHIA ITINGA DO JEQUITINHONHA”.
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Foto: Gilvan Gonçalves |
A produção têxtil em Itinga
foi idealizada pelo Comendador Candido
Freire de Figueiredo Murta, Deputado Geral, e do Major João Antonio da Silva Pereira,
em 1880, para aproveitar o algodão que existia em abundância na região, principalmente em Itinga, São Domingos
(hoje Virgem da Lapa) e Lufa (hoje distrito
de Novo Cruzeiro). Para que esse ideal, foi preciso reunir
outros cidadãos da vila e criaram a “Sociedade dos Filhos
de Itinga” e importaram da Europa, precisamente da Bélgica, pesadíssimos maquinários (80 Teares,
dois Gomadores de 1000 kg e outros).
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Foto: Gilvan Gonçalves |
A denominação desta fábrica “ PEREIRA MURTA E COMPANHIA
ITINGA DO JEQUITINHONHA” foi uma
alusão ao sobrenome dos fundadores e a sociedade que tornou possível
a realização desta.
Em
1904 a fábrica diminui sua produção e começou a entrar em crise, mas em 1908 o Barão de Paraúna, importante
comerciante de diamantes, da cidade de Diamantina
entra como acionista da fábrica com um capital de 280 contos e 27 operários. Esses investimentos ajudaram a
fábrica a retomar seu curso de produção.
Porém em 1928 houve uma grande enchente, que destruiu a parte baixa do distrito e o ribeirão água fria encheu
de forma surpreendente e danificou as máquinas da fábrica, além disso a morte do major João Antonio da Silva, grande incentivador da fábrica e a falta de incentivo
do poder público
do município de Araçuaí proporcionou o colapso inevitável da fábrica.
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Foto: Gilvan Gonçalves |
As valiosas
máquinas foram enferrujando e assim o funcionamento da fábrica de tecido
estagnou, afetando drasticamente o progresso do Arraial. Alguns teares foram vendidos para o empresário Antonio
Mendes Campos e transportados para Pirapora
no norte de Minas, era o fim de um sonho.
Porém fato das águas do Ribeirão, ter impulsionado o
funcionamento da fábrica, observando os estudos da mesma, motivou
os políticos da cidade, acreditarem
que seria possível a construção de uma pequena usina hidrelétrica para abastecer o município, neste mesmo local da antiga
fábrica de tecidos.
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Foto: Gilvan Gonçalves |
Desta maneira no primeiro Prefeito
de Itinga, de Precillo Gusmão,
através do decreto nº 12 de
1944 de 30 de Setembro/1944, autorizando
estudos na cachoeira do Mateus, no
Ribeirão Água Fria, para a implantação de uma Usina Hidrelétrica. Foram contratados engenheiros e topógrafos que
fizerem este estudo, mas o alto custo da obra inviabilizou a continuidade do projeto.
Enquanto que no governo do Prefeito Cristiano Lages, foi
realizado um novo estudo no Ribeirão
Água Fria. Em dezembro de 1948 deu-se início a
construção da usina Hidrelétrica, na cachoeira do Matheus, no Ribeirão
Água Fria, uma das primeiras do Vale do Jequitinhonha, construída apenas a estrutura
da Usina neste
governo.
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Foto: Gilvan Gonçalves |
No governo do Prefeito Nilo Barbuda, em 1953, é adquirida
as máquinas para serem
instaladas na Usina Hidrelétrica. Demorou
treze anos este processo de aquisição e instalação , ocorrendo a inauguração no governo do Prefeito José Moacyr
Versiani Gusmão, em 02 de setembro de 1956 ,
com a designação de “Usina Hidro Elétrica
Municipal Prefeito José Gusmão”.
A usina passou a
ser a menina dos olhos de Itinga, com energia própria, no qual a população
chamava de “lusinha da barragem”, devido não ser tão potente.
A
história da usina hidrelétrica está ligada a família de Clemente Mendes de Souza.
Desta
forma é perceptível o momento histórico da industrialização de Itinga, iniciada no século XIX, com a fábrica de
tecidos, que sucede já no século XX a geração
de energia elétrica, aproveitando o recurso natural que havia naquela
época.
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Foto: Gilvan Gonçalves |
Porém o elo de relação de trabalho e vínculo de convivência com o espaço atribuído entre a família que
residia naquele local e cuidava da usina , até
ao abastecimento de energia para toda população, devem ser entendidos como espaços de memória. Mesmo diante do processo de desindustrialização e a
perda de suas funções originais favoreceu para que esta usina tornasse obsoleta.
Mesmo
sabendo que o tombamento por si só, não garante a conservação do bem, mas é capaz de assegurar a memória coletiva
e impedir o seu desaparecimento.